Xavier Andre, doze anos de assédio e ódio em redes

Quero-vos contar aqui uma triste história. A história de um covarde supostamente chamado Xavier Andre. É uma história de obsessão doentia, irracionalidade científica e identidade múltipla. É, também, história de um assédio perpetrado durante 12 (doze) longos anos. E continuará, a não ser que lhe paremos os pés.

A primeira notícia que tivem do tal Xavier Andre foi em 29 de outubro de 2010, lá vão doze anos já. Foi através de uma mensagem (que reproduzo), na qual me contacta a mim como membro (na altura) quer da equipa da AGAL, quer da equipa do PGL.

Pedia-me informações sobre como se poder inscrever em segurança na AGAL, pois (supostamente) o formulário em linha que tínhamos, usado sem problemas por galegos emigrados noutros países e continentes, não lhe permitia introduzir o número de conta.

Quando recebim a mensagem, indiquei-lhe o endereço eletrónico oficial onde realizar o seu pedido, que era o da AGAL e não o meu particular. Lá encaminhou uma mensagem praticamente idêntica, a qual lhe foi respondida em tempo e forma, mas nunca mais se soubo dos seus desejos associativos.

Dali a dous meses, a 23 de dezembro, registou-se como utilizador do PGL com a alcunha Gascon Simplicissimus, onde logo se destacaria por uma azedume verbal cada vez mais intensa e desrespeitosa que culminaria com a desativação da sua conta em menos de dous meses, a 19 de fevereiro de 2011.

Nunca antes precisáramos tomar uma medida tão drástica e tentamos evitá-la mediante mensagens enviadas para ele diretamente. Ele decidiu ignorar as advertências e nós tomámos a decisão depois de uma nova mensagem sua (reproduzo-a) expondo dados pessoais de um utilizador, acompanhada de ameaças evidentes.

Deixou-nos em paz um tempo, ao menos que nós saibamos… Mas a psicopatia deste indivíduo não acougou e, em finais de ano, voltou-se cadastrar como utilizador do PGL, desta vez com a alcunha Ex Lusista. Fijo-o em 9 de dezembro de 2011 e dali a um mês, 7 de janeiro, foi-lhe desativada esta segunda conta.

Furioso, voltou-se registar a 9 de janeiro de 2012, agora como Peter Plonker, mas a sua conta não passou desse dia, sendo novamente banido por praticar o assédio contra outras pessoas utilizadoras do PGL.

Identidade múltipla

Nos anos seguintes continuou a criar identidades digitais fictícias a um volume compulsivo. Baste como exemplo que só em 2015 registou polo menos oito diferentes e entre 7 e 9 no ano a seguir. Eu constatei, até o momento de escrever isto, 50 identidades, das quais 17 correspondem, sem quaisquer dúvidas, a este sujeito.

As 33 restantes ficariam, portanto, como duvidosas, embora a margem de erro seja mínima, pois todas apresentam entre si inúmeras coincidências. Fazendo um paralelismo com o direito penal, trataria-se de provas indiciárias e a acumulação das quais, junto a experiência, a probabilística e análise do contexto, permitem determinar a sua solidez.

Todas as contas duvidosas partilham caraterísticas entre si, entre as quais:

  • IP comuns a várias delas;
  • terem sido criadas mediante endereços eletrónicos descartáveis (aliás, através do mesmo provedor de serviço);
  • algumas delas partilham coincidências de nomenclatura[*] com contas verificadas;
  • a data de criação (criadas umas depois da desativação/baneio das outras);
  • os sítios web em que comentam («comunidades»[**], na terminologia do serviço Disqus);
  • o assédio direcionado contra a(s) mesma(s) pessoas;
  • recursos estilísticos/linguísticos muito concretos (e raros) que partilham com contas verificadas.

No documento anexo (listagem completa | listagem só verificada) podeis consultar (por enquanto censurada), a listagem completa de identidades que rastejei.

É pertinente assinalar, também, que no paroxismo desta loucura identitária, tenho documentadas vários dos perfis a dialogarem entre si, gráfica descrição da cerimónia da confusão perpetrada por este indivíduo. Exempo:

Múltiplas contas em múltiplas redes

Além das identidades já expostas, que utilizou para distorcer conversas, rebentar debates ou perseguir, ameaçar ou denigrar a quem discrepava, este troll tivo polo menos duas contas de Twitter (uma das quais, já encerrada por vulnerar as normas), nove blogues (um deles, ex professo para assediar e vários outros bastante delirantes) e ainda possui dous canais de YouTube… um dos quais, para a sua obra literária. Sim, lestes bem: o fulano é cúmplice do assassínio de árvores para pôr em papel a sua compulsão e as suas obsessões. Spoiler: escreve bastante mal.

Teimas recorrentes

As teimas recorrentes deste troll, já de início, têm a ver com o lusismo. Para ele, o lusismo é uma desviação do reintegracionismo e, portanto, um inimigo a combater. Combater não se sabe bem como, porque ele próprio tem utilizado ao largo dos anos diversas soluções morfológicas e lexicais… Se considerarmos a sua obra literária (da qual falaremos) um cânone, verá-se a querença por recursos dialetais, arcaizantes e, afinal, forçosamente diferencialistas respeito do galego falado a sul do Minho.

Como não lhe figem casinho e o bloqueei sistematicamente, eu próprio convertim-me num dos alvos do seu assédio, chegando a tentar provocar-me mediante mensagens postadas noutros sítios web (como se verá).

Essa obstinação levou-no inclusive a insultar e ameaçar outras pessoas e, polo tanto, à sucessiva expulsão das suas múltiplas identidades fictícias do debate público. Isso é a morte de todo troll e, provavelmente, a (com)pulsão atrás da criação do seu mundo literário: tantos anos acumulando banimentos na internet dão para muito e já ficou demonstrado que lhe sobra tempo livre.

Os seus livros vírom a luz no mundo pós-pandémico. Isso significou, de passagem, uma nova volta à sua doentia fixação, que passou a ser também de negacionismo da pandemia, de oposição às vacinas e de nos chamar a todos os demais de burros, ovelhinhas e mesmo a afirmar que os defensores da vacinação infantil somos «abusadores de menores». E aqui digo «somos» porque isso mesmo mo dirigiu particularmente a mim, além de em genérico a outras pessoas, como se verá mais adiante.

Na mesma linha, qualquer pessoa defensora das políticas preventivas da covid é o seu inimigo. Por essa razão, além de difundir todo tipo de bulos e conspiranoias ao redor das vacinas, não duvidou em fazer também propaganda do derrotado presidente brasileiro Jair Bolsonaro. O abraço ao fascismo é uma volta de porca perfeitamente previsível, visto o percurso e deterioração dos seus escritos.

E como chaladura chama chaladura, a conspiranoia ao redor da pandemia e o abraço ao fascismo fôrom também páreas no tempo ao abraço de distintas formas de pseudociência. Exemplos disto são as referências que inclui nalgúns dos seus sítios web a pessoas como James DeMeo, um autor de pseudociência e autor de lixo conspiranoico sobre a pandemia da covid-19, ou Cristina Cairo, uma xamã brasileira que acredita em que os gatos têm ligação direta com o plano astral.

Banimento ideológico ou merecido?

Este capítulo merece que nos detenhamos bastante nos factos. Além de covarde, Xavier Andre demonstrou ser manipulador e mentireiro. Durante anos deixou cair, quer em público, quer em privado, que fora banido por alegada perseguição e censura ideológica ou alguma animadversão pessoal contra ele.

Como se viu, o primeiro banimento foi mais do que merecido, por insultos e ameaças contra uma pessoa concreta (e sobre a qual praticaria assédio nos anos seguintes, inclusive dedicando-lhe um blogue denigrante).

Os dous seguintes, por persistir na atitude e dedicar insultos como «cão guardião», «neurótico», «seita» (em referência ao que ele chama de «lusismo») ou cuspir «escuma hidrofóbica» (ou seja, padecer a raiva). Concordaremos com que alguém assim não pode estar à solta em sociedade.

Nos anos a seguir continuou e mesmo piorou, daí que fosse sistematicamente banido ali onde eu tivem algum tipo de responsabilidade (e mesmo onde não a tinha também o conseguim fazer expulsar). Eis alguns exemplos, só alguns:

Também está a teima em me chamar de «policial» ou «policial gordo», que me dedicou no meu blogue e noutras latitudes (à falta de argumentos, o insulto):

Quanto ao assédio, se ignorarmos os dous exemplos precedentes, eis mais alguns (os primeiros, reproduzidos com autorização da Isabel, a quem agradeço):


Como curiosidade, Odesempre (criada em setembro de 2016) é uma das contas verificadas, a número 12 das verificadas (em ordem cronológica) e a número 24. Imagino que a alcunha utilizada foi uma advertência para nos fazer saber que não pensava desistir. Tranquilo, nós tampouco desistimos.

Apesar das evidências (e ainda poderia colocar muitas mais), o miserável dá-se o luxo de acusar os que o banimos de lhe fazermos «bullying», quando o único que leva anos assediando é ele:


Com efeito, não insultaste nem faltaste ao respeito, não. Foste uma pessoa que durante doze anos evidenciou um comportamento digno de elogio e devemos-te receber com os braços abertos ali aonde fores.

Faceta editorial

Como já apontei em parágrafos anteriores, o nosso covarde anónimo tem também uma faceta editorial. Como tradutor, o nosso troll/assediador utiliza o nome Xavier Andre (daí que o considere a sua identidade principal), mas parece provável chamar-se efetivamente Xavier (de apelidos não verificados).

Em 2016 traduziu para o galego-português o livro Back to the Sanity, do professor inglês de psicologia Steve M. Taylor. Este livro passou das 296 páginas originais para 354, já com o título De volta à saúde.

Numa breve troca de e-mails com Taylor (através de uma conta anónima, não vai ter só o privilégio o nosso troll), o autor afirmou lembrar Xavier e de frequentá-lo há cerca de dez anos atrás, mas perdera o contato com ele. Também me perguntava onde comprara eu o livro, pois ainda que sabia que Xavier o traduzira, desconhecia que se colocara à venda (que pilhabão, não achais?).

Dizei que não sou eu o único em achar irónico este indivíduo traduzir um livro que, alegadamente, trata sobre a saúde (mental)…

Mais tarde, em julho de 2019 publicou uma versão em galego-português das Divinas Palavras de Ramón María del Valle-Inclán, aproveitando que os direitos de autoria expiraram… em 2016. Isto já poupa quaisquer problemas éticos e monetários respeito dos direitos da obra e da sua tradução.

Para esta tradução, Andre acrescentou o subtítulo Tragicomédia de aldeia em galego. Para além disto (e já veremos que é uma pauta), o livro passou das cerca de 150 páginas do original a 351. Esta mais que duplicação deveu-se a um texto introdutório, às «cotas e anotações de ajuda à leitura e encenaçom pra galegos e lusófonos» e a um glossário final incluído polo nosso troll.

O seu trabalho como autor começou já em 2019. Em novembro desse ano deu ao prelo Contos do fom do dia e outras lérias (225 páginas) e menos de um ano depois, em setembro de 2020, Viagem na Caledónia. No tempo do coronavírus (205 páginas).

A culminação da sua carreira literária chegaria um ano depois, quando entre julho e setembro de 2021 dava ao prelo a volumosa A Fronteira. Ficçom reintegracionista. Trata-se de uma disparatada trilogia que ficciona o relacionamento entre a Galiza e Portugal e, polo tanto, também recreia com muitas licenças a questione della lingua.

A Fronteira é, não vos vou enganar, um verdadeiro tijolo infumável que se desenvolve em três volumes (e vários quilos de papel). Felizmente, a obra foi perdendo volume (e peso) segundo a foi publicando: 657 páginas o livro primeiro, 573 o segundo e 480 o terceiro. Mais de 1700 páginas de péssima escritura, de parágros sem separação e leitura constantemente atrapalhada por dúzias de notas a rodapé em cada página. Não exagero se digo que cerca de 30% do total da trilogia são notas a rodapé e glossário.

Sobra dizer que me sentim estafado com a compra, polo qual devolvim o livro à origem, junto com um comentário para o autor.

Por último, cabe assinalar que, em todos estes casos, o labor editorial de Xavier Andre é um pouco… onanista. Em todos os casos são autoedições, utilizando para isso o serviço de impressão e venda Amazon Kindle.

Quem é Xavier Andre?

Resumindo-o: nem o sei, nem me importo.

Mas aqui entrastes procurando saber, assim que partilharei o que sei.

As informações sobre Xavier Andre que reunim nos últimos anos apenas parecem confirmar que se chama «Xavier», como já indiquei. Os apelidos, porém, continuam ignotos no que a mim respeita.

O único que sei, quase com certeza, é que leva bastantes anos a morar na Inglaterra, polo menos todo o tempo que o tivem que padecer. E que frequentou de algum modo alguma universidade ali (não sei se como empregado ou como aluno).

Dos seus textos parece claro que tem uma notável formação linguística, com especial interesse no âmbito galego-português e, secundariamente, no occitano. Mas numerosos detalhes da sua escrita (como a persistência de alguns claros castelhanismos) evidenciam que não recebeu formação regrada em Filologia Galego-portuguesa (com o nome por junto ou separado).

Por diversas mensagens, também parece que em começos da década de 2010 deveu frequentar física ou telematicamente círculos galeguistas no Reino Unido, embora é bastante provável que se tenha afastado progressivamente deles.

É evidente que dispõe de muito tempo livre, polo qual deve ser funcionário, reformado, estar incapacitado (física ou mentalmente) ou desempenhar alguma profissão liberal. Do contrário é difícil poder dedicar tanto tempo ao assédio direcionado em redes sociais, abrir meio cento de perfis e dar ao prelo seis grossos volumes em tão reduzido lapso temporal.

Por último, direi que esta investigação, embora exaustiva, não finalizou. Continuará enquanto este sujeito apareça nos nossos espaços (felizmente, mais internéticos do que analógicos). E aproveito para lhe advertir que não duvidarei em fazer públicos tanto os dados censurados como outros que pudem averiguar (e que de momento preservo) se ousar sair da sua tobeira.

Um conselho, Xavier: apaga os blogues, os perfis insanos e procura ajuda, porque a precisas.

NOTAS:

[*] Principalmente, o uso de um «i» maiúsculo para fazer parecer um «ele» minúsculo. É uma prática que apareceu primeiro numa das contas confirmadas e, mais tarde, em oito das não confirmadas.

[**] Costumam aparecer vários dos seguintes em cada perfil: PGL, Praza Pública, Nós Diário/Sermos Galiza, Publico.es… ou Portal Cadista, entre outros (jornais de negócios, webs de ultradireita, etc.).

PALAVRAS-CHAVE

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Comentários

2 comentários a “Xavier Andre, doze anos de assédio e ódio em redes”

  1. Avatar de Joám Lopes Facal

    Um caso extraordinário de troll pertinaz e alucinado o qual tivem algumha ocasiom de observar deambulando pola Rede em demanda (doentia) de atençom.
    Por fortuna os seus contactos devem ser fugazes para os que sabemos atravessar a selva digital por onde circula umha triste Santa Companha mendigando atençom. Descanse em paz.

    1. Avatar de madeiradeuz
      madeiradeuz

      Como me comentárom já várias pessoas, parece um caso digno de um romance de intrigas com roteiro fruto de alguma mente sob a influência de substâncias pouco recomendáveis. A realidade, como tantas vezes, supera a ficção… Mesmo tendo esta realidade tantos elementos ficcionais…

      Um abraço, Joám!