Um dos elementos mais subtis do processo de espanholização da Galiza está sobre estas linhas. Seguramente nunca tenhamos reparado por se tratar de algo mais bem subtil. Para conhecer a resposta a esta incógnita, como bons galegos teremos de fazer antes mais uma pergunta: como se chama este bicho?
90% ou mais de quem isto lerdes respondereis: “é um pitufo“. E isso corroborará a minha afirmação. Porque estas simpáticas criaturas azuis que decerto estarão na infância da maioria, chamam-se schtroumpfs na versão original criada polo autor belga Pierre Peyo Culliford.
Quando estas criaturas chegaram à Espanha, adoptaram o nome de pitufos. Polos vistos, o nome deu-lhe-lo Miguel Agustí, catalão de nascença e um dos encarregados da adaptação. Escolheu o nome inspirando-se no personagem En Patufet do folclore da Catalunha. Ainda, quando os próprios personagens chegaram a ter versão catalã, o nome que se lhes deu aos Schtroumpfs foi o de Els Barrufets, outra volta criaturas da mitologia local, além de ser Barrufet um apelido bastante estendido nesse país (a começar por um famoso jogador de andebol).
Porém, adivinham qual foi o original nome recebido na Galiza? Exacto: pitufos. O mesmo nome que se lhes dera na Espanha. Postos a ter uma posição ‘normal’, o lógico seria tirar polas versões brasileira (Os Smurfs) ou portuguesa (Os Estrumpfes). E se se quiger ter uma posição ‘autónoma’, bem se podia ter feito como na Catalunha e tirar de mitologia popular… sei lá, Os Mecos? Os Demachinhos? Os Valuros? Mas não, optou-se pola solução espanhola… soa-nos de algo?
Comentários
23 comentários a “A língua dos “pitufos””
Prova de comentário
Eu sempre os chamei de S.M.U.R.F. (Small Men Under a Red Father)
Propoño “estrumfe” (desta concordo case cos portugeses) ou como demo se transcriva (ao xeito das nomig) /ʃʁum.fe/ aínda que mecos non está nada mal.
Sinto dicir que esta refléxión é buscarlle tres pés ao gato, e ten máis de antiespañol que de filoloxía.
Non pode ser que que no mesmo texto critiques que se teña collido unha palabra “española” (todo o español que se poida considerar unha palabra inventada por un catalán), e o mesmo tempo propór utilizar a palabra brasileira, que de brasileira ten ben pouco xa que “smurf” é a denominación en inglés.
É dicir, na lusofonía non é un problema utilizar unha palabra estranxeira para os pitufos, ni tampouco o é que non exista homoxeneidade para denominalos. Os portugueses tenden a tomar empréstitos do inglés, nós dos españois, filoloxicamente as dúas están ao mesmo nivel.
Concordo que me tería gustado máis que se lle dera un nome máis folclórico, pero é iso, un gusto, non unha opción máis válida.
O meu post não tem nada de antiespanhol. Nem tampouco falei que “pitufo” seja palavra espanhola. Critiquei que a versão galega da série tenha usado a mesma palavra que a espanhola.
Sobre “smurf”, não afirmei ser brasileira, mas da versão brasileira.
O problema, digo no artigo, é essa dependência da Espanha para tudo. E tampouco dizer isto é antiespanhol, digo eu 🙂
Leo por aí…
“Según cuenta Alfons Moliné, el origen del nombre pitufos se debe a que cuando fueron publicados por vez primera en castellano (en 1969) en la revista Strong, uno de sus redactores, Miguel Agustí, necesitaba un nombre para españolizar el vocablo original Schtroumpf y enseguida recordó el personaje de Patufet, figura emblemática del folklore catalán (y título de la más célebre revista infantil de anteguerra en catalán).”
CONCLUSIÓN
Os cataláns fixeron os panolis cando trocaron o de “pitufo” (que xa era de por si un catalanismo) por “barrufet”
Simplemente por diferenciarse de algo que eles intuían como “español” e non o era.
Algo que, por certo, tamén lles acontece aos reintegratas, que rexeitan formas galegas pensando que están contaminadas polo español, cando non o están. E ao revés: reciben cos brazos abertos todo canto castelanismo provén do portugués, simplemente porque é portugués
INSISTO:
Bueno é galego 😉
Vou facer unha rectificación, porque en realidade os cataláns non foron panolis:
“El nombre catalán de barrufets, surgido en 1967 en la revista “Cavall Fort” (estos personajes se estrenaron en catalán dos años antes de hacerlo en castellano), ideado por el traductor y lingüista Albert Jané, no es un vocablo inventado, ya que existía en dicho idioma y significaba algo así como “duende” o “diablillo”. De hecho, hay en Cataluña personas apellidadas Barrufet.”
Polo tanto, o nome “barrufet” é anterior a “pitufo”. Pero en calquera caso os dous son CATALANISMOS. Polo tanto tampouco “pitufo” é ESPAÑOLISMO ou CASTELANISMO, senón CATALANISMO 😉
vaia cagada 😆 😆 😆
buscando calquer escusa pra atacar o reintegracionismo e tem que retificar no seguinte comentário… 😆
«Pitufo» é um castelanismo polo simples feito de que entrou polo castelão.
Tamém podes aplicar a mesma teoria e dizer que «bueno» nom é um castelanismo senom um latinismo hohoho
rectifico PARTE do comentario; do resto (incluídas as miñas reservas ao reintegracionismo) reitérome.
“[Os reintegratas] rexeitan formas galegas pensando que están contaminadas polo español, cando non o están. E ao revés: reciben cos brazos abertos todo canto castelanismo provén do portugués, simplemente porque é portugués”
supoño eu que todos -ou case todos- os catalanismos entrarán polo castelán, dado que nós non temos contacto con esa lingua directamente: desde butifarra ata macarra, pasando por turrón e paella. 😛
BUENO é GALEGO (e catalán tamén)
Bom, “bueno” é taõ galego como “paella” ou “sangría”. E, claro, tampouco não é uma palavra catalã, e aqui na Catalunha todo o mundo reconhece-a como um castelhanismo (não poderia ser de outra forma), apesar do seu uso generalizado na fala espontânea de muitos catalão-falantes. Não vejo por que temos de aceitar um fenômeno resultante da interferência de uma lingua estrangeira como “natural” e próprio da lingua do país (do país catalão ou do país galego). Por outro lado, concordo totalmente com o argumento do post. O problema, obviamente, vai além da questão anedótica dos “pitufos”/”barrufets”. A questão é a subordinação e “satelização” do galego respeito do espanhol. O galego isolacionista, sendo um dialeto do castelhano como é, só pode criar novo léxico com empréstimos de sua língua “mãe” (castelhana). Isto é assim, embora as palavras emprestadas não sejam originalmente castelhanas, quer dizer, venham de outras linguas. O fato é que o castelhano fai sempre de “filtro”. Esse fenômeno foi descrito já nos anos 20 e 30 em Catalunha por Pompeu Fabra (o podes ler no livro “La llengua catalana i la seva normalització”. Barcelona: Edicions 62, 1980). É, evidentmente, um fenômeno anormal, que deve ser rejeitado e corrigido se quisermos ter uma verdadeira lingua nacional e não um simples dialecto “satelitizado”. A única maneira de fazê-lo, no caso da Galiza, é enchendo os ocos léxicos com vocábulos do nosso mesmo sistema lingüístico -como já tinha recomendado Carvalho Calero-, isto é, a partir de palavras usadas em Portugal ou no Brasil, se não há já um termo genuinamente galego que possa exercer a função desejada.
Au, salut!
Engado o seguinte:
“… o resultado mais notável da inspiraçao simmeliana de Aracil tem a ver com o seu modelo sobre a minorização linguística (Aracil, 1983h), conceituada como uma relação triádica na qual a língua nacional age como agente de interposição, de modo que quase todas as relações entre a comunidade minorizada e o mundo exterior estabelecem-se através do idioma intermediário. As consequências internas deste estado de coisas, naturalmente, repercutem na intrusão da língua nacional no âmbito da rede social da comunidade minorizada, com a sua consequente desintegração.”
Isto está tirado de: Conill; Josep J. Del conflicte lingüístic a l’autogestió: materials per a una sociolingüística de la complexitat. Barcelona: Institut d’Estudis Catalans, 2007. Página 181.
O original catalão diz assim:
“… el resultat més destacable de la inspiració simmeliana d’Aracil té a veure amb el seu model sobre la minorització lingüística (Aracil, 1983h), plantejada con una relació triàdica en què la llengua nacional actua com a agent d’interposició, de manera que la pràctica totalitat de les relacions entre la comunitat lingüística minoritzada i el món exterior s’estableixen a través de l’idioma mitjancer. Les conseqüències internes d’aquest estat de coses, com és lògic, repercuteixen en la intrusió de la llengua nacional dins la xarxa social de la comunitat minoritzada, amb la seva consegüent desintegració”.
“Língua nacional” neste texto deve ser entendida como “língua estatal” ou “língua dominante do Estado” (isto é, no nosso caso, o castelhano ou espanhol). “Aracil”, naturalmente, é o grande sociolinguista valenciano, Lluís Vicent Aracil.
Acho que esta cita é bastante apropriada para o caso do que se tem falado aquí (a “lingua dos pitufos”). O aspecto mais interessante dela é que pertence a um capítulo do livro em que se fala, não do caso catalão ou valenciano, mas do caso galego.
Eu proponho umha versom própria do nome, em pé de igualdade. Eu proponho que se lhes chame “Os Conachos”, agás a única fémia da aldeia, que seria “a Caralhola” (mais infantil: “a Pirolacha”), por aquilo de que realmente o Galego nom é umha língua sexista como é o Espanhol (coñazo, cojonudo), lembrai que em Galego é a mesma cousa umha caralhada que umha conachada.
Alema, para defender “bueno” a gente acaba falando direitinhamente em Espanhol (que já o fai). É o que nom acabades (ou nom queredes, ou treiçoa-vos o subsconcienste, ou sei lá ou sei cá) de perceber os isolinos.
eu digo BUENO e non falo castelán na vida
cóntanse por miles os galegofalantes que empregamos bueno na súa fala habitual; neo-falantes e paleo-falantes
é máis: ata os reintegratas din “bueno” en público e na intimidade (e hai probas diso a eito); outra cousa é que o asuman con naturalidade, claro
pero bueno
xa se sabe
o reintegracionismo
é o oposto ao galego natural e espontáneo
😉 🙂
DIGO MÁIS
é tan penoso andar forzando a máquina para evitar dicir “bueno” como falar ao estilo “señora de Palmírez” (“zamburitas”, “peloros”, “voy comer”, etc)
recorden: cada vez que evitan o “bueno” para soltar eses “bom”‘s tan artificiais están facendo o ridícalo 😀
Claro que falas castelhano (castelão é o morador dum castelo, castelhano o morador da Castela), cada vez que dis “bueno” estás exactamente fazendo isso xD. Como cada vez que dis “Wall Street” estás a falar inglês, ou o que crês? xD. A gente idosa da minha família nunca a escutei dizir “bueno” (nem falando em galego nem em espanhol), mas «bom», e em espanhol «boh» xD (naturalmente em contextos diferentes). Home, galego tamém pode ser “Leck mich im Arsch”, se quigeres escrevemos lecmighimarx, daquela já é galego cento por cento (em lisboetês lequemikhimarch).
Es (ou «eres»? é que dizer «es» é forçar outro pouco, né?) todo um exemplo ambulatório de sociolinguística xD. Sen acritú.
Eu sempre me perguntei umha cousa, Alema: qual é o límite para ti de “galego”? se para ti “bueno” é galego, nom é “que lo sepas” (eu conheço centos de galegos galegofalantes que o utilizam). E “te voi dicir una cosa”, ou “isso é increible, chico!” (por milheiros se contam os que falam assim). É isso galego?
Até que ponto podemos chegar? onde achas que está o límite, Alema?
Hasta que punto podemos chegar? Donde cres que está o límite, Alema?
¿Hasta que punto podemos llegar? ¿Donde crees que está el límite, Alema?
Oye Brother, ¿tu mehtáh comprendiendo? ¿adonde diseh tu que puede ehtar el límite del gaiego?
……
O límite [que non limite] está xustamente niso:
o bueno non é substituíble por nada
“bueno, carallo, bueno” (expresión creada neste país e non noutro) non pode ser traducido por “bon, carallo, bon” (nin con n nin con m)
sei distinguir un castelanismo innecesario do que non o é
e vostedes adoitan poñer exemplos de castelanismos innecesarios para desprestixiar o ‘bueno’. pero iso non ten sentido ningún
nota para aqueles que teñan antepasados que non dicían ‘bueno’: as linguas evolucionan (afortunadamente) e son os falantes as que as fan evolucionar.
non ao galego do ano da pataca! arriba o galego moderno e actual! abaixo a idade media e arriba o século XXI! abaixo as partes do carro e arriba a linguaxe tecnolóxica en galego!
“bueno, carallo, bueno” -> to-caralho-be, descobrimento que figeramos no teu blogue 😀
Por muito que insistas o «bueno» segue a ser um castelanismo desnecessário, o galego tem as suas próprias palavras pra cada um dos seus significados: home, bem, bom etc.
A usar «bueno» nom se lhe pode chamar «evolucionar» senom «deturpar-se». Porque segundo ti ‘evolucionar’ tamém seria usar «escoba» e deixar «vassoira» pràs ‘escobas velhas’. Nom é um castelanismo desnecessário, serve pra diferenciar 2 objetos, nom é? Non ao galego do ano da pataca! arriba o galego moderno e actual!
E lembra, evolucionar nom significa seguir o caminho do castelão 😉
Claro, Alema, evoluem tanto que som substituidas por outras 😀
Alema, mui mal de filologia. “Bueno, carajo, bueno” é expressom espanhola 100%.
http://www.google.es/search?hl=gl&q=%22bueno+carajo%22&btnG=Buscar&meta=
Manda caralho…
canta falsidade
“bueno, carajo, bueno”
só dá 7 resultados en google
e eses 7 resultados case sempre se refiren á tradución literal dunha expresión galega
‘manda carallo’ tamén é galego (de feito ‘manda carajo’ seguro que é un galeguismo no castelán e, polo tanto, tamén é castelán)
‘bueno, carallo, bueno’ galeguísimo 100%
máis galego ca todo o reintegracionismo xunto 😉
con perdón
to-carallo-bé é unha expresión que non coñece nin cristo bendito
“Bueno carajo” é umha frase netamente espanhola, e tem séculos, daquela a única “aportaçom” do galego vai ser reduplicar no cabo da frase? xD. “Manda” ou “mada” é umha palavra bem galega, suponho que conhecerá. Pode dizer missa, que talvez cante, mas “bueno carallo bueno” é espanhol totalmente,
Do seu dicionário de cabeçalho (toma decalque), o RAE:
bueno.
1. interj. Denota aprobación, contentamiento, sorpresa, etc.
2. interj. basta.
basta carajo, basta xD
Há umha diferença entre ser dialecto do espanhol e ser variante do português (a mesma que há entre o inglês de Irlanda e o alemám da Suíça).
É que o pior, amigo Alema, nom é que meta um espanholismo “flagrante”, é que está a matar frases equivalentes 100% galegas que ainda por cima nom estám no resto da lusofonia :D. Era boa…
Alema:
bueno, carallo, bueno->
Ala Caralho
Sim, homem, sim
Caralh’oh!
homem nom me fodas
o que ti dighas
o que ti queiras
como che preste
como ti dighas
(….)
existem milheiros de expresons que substituem o “bueno carallo bueno”. E nom há que inventá-las, já estám aí, a ser utilizadas por gente “da calle” (suponho que nom conhecerá você gente que diga “rua”, nem “mercores” nem….)
ANda, pero o bechinho este de alema segue com a parvada esta de “bueno é galego”? Nom sei se é engraçado ou triste! XD XD