Motivado por este texto, continuo o artigo A Real Academia Galega a exame: uma entidade inútil?, postado no 1 de Novembro de 2008. Segundo o amigo Alema, o presidente da RAG, Xosé Ramón Barreiro, deveria demitir-se por ter ocultado os resultados de um informe da própria academia que revela uma descida brutal nos usos linguísticos galegos, só comparéveis (noutras latitudes) a processos de limpeza étnica (o qual, felizmente, não aconteceu aqui, mas uma imparável assimilação cultural).
Eu acho que sobram argumentos para pedir a demissão de Barreiro sem recorrermos a esse informe (que, por outra parte, não aporta nada sobre o que já era vox populi). Deveria demitir-se, em todo caso, por a sua instituição ser uma autêntica inutilidade.
Como já dizia eu nesse artigo de 2008, a RAG é uma instituição inútil, característica que possivelmente se acentuou mais no período que Barreiro leva à frente. A RAG, como eu analisava, não foi quem de cumprir os objectivos que motivaram a sua criação, o qual em associações ou fundações já teria justificado a sua dissolução.
No tempo que leva chefiando a RAG (desde 2001), a tensão linguística na Galiza aumentou, intensificou-se o retrocesso social do galego e, mais recentemente, e a galegofobia começou a organizar-se. Enquanto todo isso acontecia, a RAG manteve um mutismo absoluto e não moveu um dedo nem deu um golpe riba da mesa para alertar da dramática situação da única língua própria da Galiza.
No caso da Real Academia Española (RAE), sempre um exemplo para a RAG, seria impensável os seus académicos ficarem calados. De facto, já os vimos a falar e esbardalhar aquando o Manifiesto por la Lengua Común, assinado por vários dos seus académicos. A RAG foi incapaz de artelhar uma só campanha de promoção do galego, enquanto a RAE lança várias anualmente, a última nestes dias contra o maltrato da língua castelhana nos usos publicitários.
Ver para acreditar, a RAE revela-se como um instrumento que age pola dinamização (em todos os âmbitos: político, social, empresarial, científico….) e actualização da língua castelhana, enquanto a RAG continua instalada no folclorismo, no regionalismo, na vida academicista (que não académica), no carpe diem… E no referente à língua, à sua razão de ser, no canto de reivindicar o carácter internacional do galego, a sua utilidade, a sua puxança social, o seu papel para a vertebração da sociedade, à RAG só se lhe ocorre instalar-se no vitimismo, em que «somos uma língua pequena, e claro…», no querer e não poder.
Se nestes oito anos Barreiro foi incapaz de dar um novo rumo à RAG, de iniciar uma só campanha, de promover alguma alternativa, de pressionar os governos, de projectar o valor da língua na sociedade, de cumprir os seus objectivos mais prioritários… de que serve a RAG? De que serve o seu presidente? Acaso a RAG só está aí para que a paguemos do nosso peto e se encham a mariscadas os seus académicos enquanto debatem do sexo dos anjos? Isto é um escândalo. Uma autêntica barbaridade. E diante disto, só digo: Lusofonia ou barbárie!
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NOTA: da Mesa escandalizaram-se por Barreiro não ter divulgado as conclusões do informe até depois das eleições. Também me escandalizei eu por a Mesa não ter apoiado uma manifestação nacional polo galego antes das eleições.
Comentários
6 comentários a “Barreiro deve demitir-se… pola inoperância da RAG”
sexamos REALISTAS, galeguzo.
entendo ben as críticas que lle fai á RAG
pero creo que a lusofonía non é a solución
a solución está nas mans dos galegos e dos seus gobernantes :/
e moito me temo que a cuestión lusófona é a última (ou penúltima) prioridades deles
Não digo que seja a solução, mas tenho claríssimo que seria uma solução ou parte dela. Exemplos polo resto do mundo não faltam, como tampouco faltam exemplos de línguas auto-divididas (como a nossa) que acabam sendo fagocitadas.
sexamos REALISTAS, galeguzo.
entendo ben as críticas que lle fai á RAG
pero creo que a lusofonía non é a solución
a solución está nas mans dos galegos e dos seus gobernantes :/
e moito me temo que a cuestión lusófona é a última (ou penúltima) prioridades deles
Não digo que seja a solução, mas tenho claríssimo que seria uma solução ou parte dela. Exemplos polo resto do mundo não faltam, como tampouco faltam exemplos de línguas auto-divididas (como a nossa) que acabam sendo fagocitadas.
Estes dados, sem dúbida mui úteis para analisar o grao de espanholizaçom ao que chegamos, também podem dar muita muniçom aos inimigos do galego: já veredes como nom tardam muito em esgrimi-los para justificar que o idioma já está morto nas cidades e que por tanto se reafirmam as suas teses de inutilidade e dessapariçom.
Pido responsabilidade na utilizaçom de estudos como este: nas batalhas, muitas veces, há que ser bons estrategas, e se vemos reduzidas as nossas forças há que aparentar ter mais efectivos face o inimigo para nom mostrar-nos derrotados prematuramente.
Nom fai falha acudir a enquisas para acreditar na espanholizaçom extrema das cidades: é umha realidade palpável. Mas ter um estudo científico, pode tanto valer para argumentar-mos que as políticas de normalizaçom forom um estrepitoso fracasso (algo que já se sabía) como para nutrir o discurso espanholista, algo que, obviamente, vai suceder.
E ainda que acreditemos em que “a verdade sempre é revolucionária” cómpre ter siso e saber como e com que sentido vai ser utilizado qualquer estudo sobre a dramática situaçom da língua. Se quem mais rédito pode tirar som entidades espanholizadoras, é evidente que a nós nom nos ajuda rem.
Estes dados, sem dúbida mui úteis para analisar o grao de espanholizaçom ao que chegamos, também podem dar muita muniçom aos inimigos do galego: já veredes como nom tardam muito em esgrimi-los para justificar que o idioma já está morto nas cidades e que por tanto se reafirmam as suas teses de inutilidade e dessapariçom.
Pido responsabilidade na utilizaçom de estudos como este: nas batalhas, muitas veces, há que ser bons estrategas, e se vemos reduzidas as nossas forças há que aparentar ter mais efectivos face o inimigo para nom mostrar-nos derrotados prematuramente.
Nom fai falha acudir a enquisas para acreditar na espanholizaçom extrema das cidades: é umha realidade palpável. Mas ter um estudo científico, pode tanto valer para argumentar-mos que as políticas de normalizaçom forom um estrepitoso fracasso (algo que já se sabía) como para nutrir o discurso espanholista, algo que, obviamente, vai suceder.
E ainda que acreditemos em que “a verdade sempre é revolucionária” cómpre ter siso e saber como e com que sentido vai ser utilizado qualquer estudo sobre a dramática situaçom da língua. Se quem mais rédito pode tirar som entidades espanholizadoras, é evidente que a nós nom nos ajuda rem.