O conselheiro da Presidência da Junta da Galiza, José Luis Méndez Romeu (o homem de Paco Vázquez em São Caetano) soma-se à vorágine de declarações que nos últimos dias vem saindo de todos os grupos políticos (e não só) sobre a cidade que dá nome à província da Corunha.
O senhor conselheiro, num alarde de prepotência, assinala que não existe qualquer problema “para quem souber da história do nome da Corunha” (a cita não é textual, mas quase), ao tempo que afirma “não existir problema para lá do político” (idem).
Com efeito, senhor Romeu, não há qualquer problema para lá do político. Concretamente, para lá dos políticos do seu partido na cidade herculina, que levam dezasseis anos burlando os cidadãos e burlando-se das leis para imporem o seu critério e uma dupla denominação ilegal “La Coruña – A Coruña” (el burro delante para que no se espante, dizia a minha mestra de primária), quando não simples omissão do nome galego.
Pois bem. O conselheiro de Touriño advoga precisamente por essa dupla denominação, confirmando-se ou reafirmando-se como o já dito, o homem de Vázquez em São Caetano ou, como já têm dito alguns, um concelheiro da Corunha na Junta da Galiza.
Isto achega-se à solução final proposta polo pacovazquez-sismo.
Parece mentira que um governante, nem mais nem menos que o Conselheiro da Presidência da Junta da Galiza, utilize um argumento tão absurdo como “conflito político” para amparar uma atitude que algumas pessoas afirmam que poderia ser delito.
E seria? Fale o meu dicionário de cabeceira…
Delinquente adj. e s. Que, ou aquele que cometeu um delito, que delinquíu. Sinóns. Criminoso, culpado, reu [lat. delinquente].
E, ainda por riba, dar suporte a estes indivíduos chama-se prevaricação…
Prevaricar v. i. (1) Faltar, por interesse ou má-fé, aos deveres do seu cargo, do seu ministério: um juiz que prevaricou. (2) Abusar do exercício das suas funções, prejudicando os interesses alheios [lat. praevaricare].
E agora, dito tudo, cada boi a atirar do seu carro…
ADDENDA
A conto do mencionado por Méndez Romeu sobre a história do topónimo, colo aqui o fruito das minhas pesquisas passadas no TEMILG…
- 1242. “(…) soldo in pescado que adusso Johã Lourenzo de Neda. quen foy Lourenzo Eanes polo viño áá Crunia. deu .v. soldos para .III. bolsas de uino que beves? entramente oprior eos cóóygos (…)”.
- 1255. “(…) Johan marinno Notario Jurado del Rey en na Crunna fige ben e fielmente transladar verbo por verbo segundo que sobre dito e dun privilegio seelado del seelo de chumbo qual yo vj et qual el Rey don alfonso meu sennor mandou fazer en esta forma sobredita e por non ujnir en dulta o Concello da Crunna asseelou este traslado de seu seello et y o poño y meu nome et mea sinal”.
- 1257. “Eu, Martjn Eanes, notario, jurado do concello da Cruña, fuy pre?ente ? por mandado ? por octorgamento danbas las parte? (…)”.
- 1333. “Et he asi que eu Johan da Crunha sobredito en nome das ditas priora et convento do dito monasterio de Belvis, das quaes ey poder et soo procurador para estes por huun estromento de procuraçon feyto por Afonso Eanes (…)”.
- 1457. “Sepan quantos esta manda y testamento bieren como eu Roi xordo das mariñas, Regidor da cibdad da Coruña, estando sao e con saude e temendo a morte que he cousa natural (…)”.
Comentários
7 comentários a “Méndez Romeu, conselheiro/concelheiro ‘lacorunhesista’”
seica propuxo uma outra salomónica solução: tirar-lhe o artigo :))))
Que casualidades, venho de mandar-che um mail e postar-che um comentário noutro sítio, e agora vejo este comentário teu por estas latitudes…
Pois o de tirar-lhe o artigo parece-me uma boa solução… a médias.
No nosso idioma existem muitos topónimos que usam o artigo, mas só se utilizam “em contextos preposicionais” (cito aqui do Topogal).
Falando às claras e traduzindo da linguagem filológica, seria falar de “Corunha”, “Porto”, “Paris” ao denominar as cidades, mas “Concelho DA Corunha”, “estamos NO”, “vai PARA Paris”.
Outra cousa muito diferente é eliminar o artigo nestes contextos (que penso que é o que apoiaria Méndez Romeu nessa solução final), e ficaria “Ayuntamiento/Concello DE Coruña”.
O que deveria fazer (precisamente) o Sr. Romeu é remitir-se às suas palavras e SABER da história do topónimo: nos documentos galegos, a forma deturpada (castelhanizada) aparece quase 200 anos mais tarde, ao redor do 1.300 (comproveino botando mão do TeMiLGa).
BANDO ULÍCICO
Pola presente faço saber que sou consciente de que o meu anterior comentário ficou bem enrevessado, polo qual sintetizo:
1.- Reitero o meu convencimento de o conselheiro estar a exercer de lacorunhesista e apoiar actitudes contrárias ao que dizem as leis.
2.- Hoje e dia, mesmo os fodidos lusistas temos de aceitar que a forma oficial é “A Coruña”, e essa é a que deve figurar em quaisquer documentos oficiais, tal e como assinala a legislação vigente.
3.- Qualquer pessoa individual ou jurídica, tem a potestade de utilizar a forma que desejar. Porém, as pessoas públicas (individuais, empresas ou entidades) estão obrigadas por lei a, no exercício das suas responsabilidades públicas ou pola sua projecção pública, a usarem a forma oficial. A única forma oficial.
4.- Perante a lei não existe qualquer possibilidade de objecção de consciência, mas quebrantamento e delito. Por muito menos vão outros ao cárcere.
5.- Mais uma vez fica patente que é mais doado defraudar miles de euros em ir contra a lei do que rabunhar quatro cadelas (que diria a minha avó) à Agência Tributária.
non foi vostede ao encontro do porto, verdá?
Comentário para OKO
Pois não, afinal não fui. Os meus parceiros mais eu, com efeito, estávamos inscritos, mas diferentes questões não pudemos assistir.
Por certo, tu pertences ou pertenceste a Siza’s Valley?
pertenzo. aínda onte che pedín axuda na aula de informática, se non me equivoco. ou me equivoco?
Pois seguramente não te equivocas, mas não faço ideia de quem és (uns auriculares?). Somos tantos blogueiros dentro desse edifício estranho… e claro, não nos conhecemos todos/as.
Eu tenho-vos mais ou menos localizados/as, mas não sei que cara pôr-vos (fer, xornalistiña, oko, o’xirarei…). Pois nada, a ver se vindes saudar 1 dia, q aqui fechado no “chiringuito” é bastante aborrecido.