Quando gastar água com sentidinho não se traduz na fatura

Bombardeiam-nos bastante sobre a necessidade de gastar a eletricidade com sentidinho, de maneira eficiente, não esbanjar tão valiosos —e caros— recursos. Outro tanto com a água, neste país dos mil rios —é um falar—, moreias de lagoas e muitos dias de precipitações —a cada ano menos, certo é—. Dizem-nos que, se não o figermos pola sustentabilidade do nosso meio natural, que polo menos o fagamos por nós, polas nossas faturas. E até podia ser… se polo menos fosse certo.

A verdade, empírica no meu caso, é que gastar água com sentidinho não se traduz na fatura. Com certeza, estou a minimizar a minha pegada ecológica e o meio natural vai-no notar, mas gostava que isso tivesse tradução também na nossa economia familiar. Seria uma motivação extra —um dinheiro extra— saber que medidas tão pouco custosas como eficazes se traduziriam numa míngua da minha fatura, mesmo que fosse pequena; eis as principais:

  • Colocar na posição intermédia as chaves da água das bilhas, para que não saia com uma pressão excessiva e se desperdice o valioso líquido elemento.
  • Usar, na medida do possível, o botão de descarregamento médio da sanita —mesmo que o botão seja mais pequeno e incómodo que o do descarregamento completo.
  • Fechar a bilha quando não se utilize. Quero dizer, se estou a aplicar sabão/detergente sobre algo (ou alguém!), não ter a água a correr.
  • Usar, no possível, ao máximo da capacidade os eletrodomésticos que usem água.

No entanto, apesar destes esforços, e apesar de nalguns trimestres reduzir o número de metros cúbicos gastos, a fatura mantém-se invariável: no atual ano, por trimestres, gastamos 12, 14 e 12 m3 e a fatura é sempre a mesma. Em anos anteriores, o mesmo, a mesma fatura com 9 m3 gastos (quando só éramos dous em casa) que 11 m3. Por que?

Telefonada a concessionária do serviço de águas do meu Concelho, explicam-me os diferentes conceitos na fatura, a legislação aplicável e subministro contratado. Em resumo:

  • Cobram-me uma quantidade trimestral fixa polos seguintes três conceitos (=impostos): abastecimento, saneado e depuração. As contas são feitas a partir de um mínimo de 30 m3.
  • Esse mínimo não se pode reduzir, porque, supostamente, é o acordo ao que se chegou com o Concelho «pensando em que seja o mais beneficioso possível para a cidadania» (?). Curioso isso, que não se possa reduzir igual que se pode reduzir a potência elétrica, mais ainda quando esses 30 metros cúbicos são mais do duplo do consumo trimestral máximo que tivemos em três anos (14).
  • Que, porém, com um consumo de água maior de 30 m3, daquela sim, a fatura incrementaria.
  • Doutra parte, a fatura inclui um outro conceito, o imposto para a empresa pública Augas de Galicia, que são 0,51€ mensais, ou seja, 1,53€ trimestrais. Como no caso anterior, a quantia é fixa, mas neste caso dos 0 aos 18 m3. A partir dos 18 m3 encarece. Esta informação, explicam-me, ainda que não vem na fatura aparece na legislação aplicável.

Portanto, não posso fazer nada para reduzir a pegada económica do consumo de água na minha fatura. Posso fazer, a contrário, para a encarecer. Terei-me de conformar com o sustentável que posso ser para o meio natural e as gerações futuras, mesmo apesar de que na fatura se cobre o mesmo a uma família sustentável que, hipoteticamente, um só indivíduo esbanjador de recursos.


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