Apesar das afirmações de Feijóo, o preço do leite em origem leva dous anos e meio em constante descida. O presidente em funções afirmou no recente debate na TVG que «encontrei o preço do leite mais baixo do que está agora». É uma declaração, no mínimo, controversa.
Feijóo tomou posse como presidente a 18 de abril de 2009. Segundo os dados do Instituto Galego de Estatística (IGE), esse mês os produtores de leite declarárom vender o litro de leite a 26,68 cêntimos de euro o litro. Segundo os últimos dados oficiais (de novo, do IGE), do passado mês de junho, o preço declarado pola indústria foi de 26,9 cts/l. A priori, parece que, por bem pouco, Feijóo dixo a verdade, pois o preço seria 0,22 cêntimos superior.
Mas, olho, comecei a falar do leite declarado polos produtorores e, no final, polo leite declarado pola indústria, ou seja, os compradores! Acontece que os dados do IGE disponíveis recolhem o leite declarado polos produtores entre janeiro de 2007 e dezembro de 2013 (ambos inclusive). Porém, o preço declarado pola indústria é recolhido desde janeiro de 2010 até hoje. Conclusão: os dados disponíveis não medem as mesmas variáveis. Portanto, apesar de que os dous valores (o preço que declara quem vende e quem compra) deveram coincidir exatamente, a realidade é bem díspar, como reflete o gráfico abaixo.
Como se pode comprovar, há certa variação no período 2010-2013 entre o preço em origem segundo o que declaram os gandeiros e o que revela a indústria. O preço declarado por esta última foi, de média, 0,36 cêntimos superior ao declarado polos produtores. Se aplicarmos essa correção média ao preço que declara nos nossos dias a indústria, teríamos 26,90-0,36=26,54 cts/l, ou seja, inferior aos 26,68 que declaravam os produtores em abril de 2009. Isto, é claro, obviando o encarecimento do custo da vida (e, portanto, o custo de produzir o leite e a perda de poder adquisitivo que trouxo aos gandeiros) que tivo lugar no País desde essa altura.
Dizia no começo que o preço do leite leva dous anos e meio em descida praticamente constante: o máximo na legislatura de Feijóo foi 39,24 cts/l, em janeiro de 2014; a partir daí, queda livre.
Nesse tempo, segundo dados da Encuesta de Población Activa (EPA), na Galiza destruírom-se 4.800 empregos nos setores agrícola, gandeiro e silvícola. Tendo em conta as dimensões do setor leiteiro na Galiza, facilmente poderíamos situar a destruição de emprego nas atividades vinculadas ao leite nuns 4.000. Todo um logro o seu, senhor Feijóo!