Olá, pessoal! Depois de uns dias de (merecidas? forçosas?) mini-férias nas quais não tive acesso à internet, regresso para fazer um post desses dos quais gosto: filológicos. Concretamente, e em certa maneira como homenagem ao colega Ulmo d’Arxila (um dos maiores especialistas galegos na matéria), o tema será toponímico.
Fazendo um pouco de memória, vou listar alguns nomes de micro-toponímia menor da minha freguesia, concretamente nomes de leiras. Os comentários filológicos, se forem pertinentes, deixo-lhos ao futuro doutor já aludido. Antes de mais, aclarar que entre parênteses indico o artigo que acompanha o nome nos contextos preposicionais [tipo “vou ao Leiro Redondo”, Leiro (o)].
Agra (a), Bodega (a), Boucido (o), Cano (o), Casal da Vinha (o), Chouso (o), Devesa (a), Granda (a), Leiro Redondo (o), Plantio (o), Pradela (a), Rega (a).
Sei que a listagem não é lá muito longa (procurarei acrescentar algo mais), mas para o olho experto se calhar tem algum interesse. Aguardo comentários 😉
Comentários
2 comentários a “Leiros, agras e devesas: toponímia, toponímia, toponímia”
Alguns nomes parecem óbvios… A Agra, como o seu nome indica, é uma superfície muito ampla (composta por vários ‘agros’).
O Boucido (que dá nome a uma aldeia), é uma bouça, igual que a Devesa (que também dá nome a uma aldeia) é uma devesa.
Outros nomes são bem mais esquisitos, como o da Bodega ou o Casal da Vinha.
Da Granda pergunto-me se terá a ver com Gândara…
O Leiro Redondo… nome que sempre me resultou engraçado… porque é rectangular! Mas imagino que algum dia pôde ter sido redondo, claro que é possível esse “redondo” não ser literalmente um adjectivo…
O Cano está rodeado de muitas árvores (terá a ver com as ‘canas’, das árvores, imagino)… A Rega tem um rego banhando-a, o Chouso é um chouso…
Pradela pode ser despectivo de prado? Mas em todo o caso deveria ser “Pradelo”, e não é o caso… (venha, doutor 😉
E afinal, Plantio (nome que aparece mesmo em dicionários portugueses), é como indica o seu nome um lugar cheio de plantas.
Interessante listagem!
Com efeito, a GRANDA é umha variante das muitas que existem para GÁNDARA, que pola sua vez é umha palavra prerromana, polo seu inconfundível sufixo -ara (o de TÁLLARA, MÁNTARAS, etc.). Quanto ao CANO, pode ser o que tu dizes, mais também poderia tratar-se dum cano no senso de ‘canle, conducçom de águas’. PRADELA é curioso, porque PRADA existe na toponímia asturiana, p. ex., e deve tratar-se dum feminino dimensional (CESTO / CESTA, o próprio AGRO / AGRA, etc.). O sufixo -ELO estivo operativo até o s. XI, ou seja, que tens aí um topónimo bem antigo!
Gracinhas polas (imerecidas) alusons… Vou ver se me baixa o “sonroghamiento” 😉 Salutaçons!