O domínio soberano .GZ num mundo sem fronteiras

PontoGALImersos como estamos na promoção do domínio .GAL para a comunidade cultural galega, em Chuza surgiu um interessante debate sobre a necessidade de levar para a rede a questão da territorialidade e o da identidade. Não seria melhor apoiarmos todas e todos os domínios genéricos, que não nos circunscrevem a nenhum lugar concreto? Isto faz muito sentido sobretudo se tivermos em conta que a única fronteira da rede, por enquanto, é a tecnológica e depois a linguística, e que nem sempre ambas as duas supõem excessivo atranco.

No meu caso particular, eu sou mais partidário dos domínios genéricos que dos outros. O problema não é que os galegos (ou parte dos galegos) defendamos igualmente o .gz, o .gal ou similares. O problema (se é que o há) radica em que os Estados decidiram criar domínios que os representam (.es, .fr, .pt, .it, .com.br, etcétera).

Daquela, a ambição de boa parte dos nacionalismos (legítima ou ilegítima? eu já não entro a valorizá-la) aspira a conseguir um domínio de seu que se afaste da tutela do Estado matriz. É o caso de Gibraltar, que conseguiu o .gi, ou a também britânica ilha de Man, que tem o .im ou mesmo a já comentada Gronelândia (que pertence ao Reino da Dinamarca) e o seu .gl.

Só existe o que é diferente. Nós somos “nós” porque não somos “os outros“. E eu sou “eu” porque não são “tu“. É uma proposição identitária básica. Já que logo, se a Galiza é diferente, se a Galiza “é“, deve aspirar a ter todo aquilo que têm outras entidades de características análogas (língua, cultura, história, instituições, etc.) para se apresentar diante do mundo como diferente, como algo singular e não mais um anaquinho da Espanha.

É parte da ideologia galeguista aspirar à Galiza visibilizar-se no mundo como “Galiza“, prescindindo do epíteto “no noroeste da Espanha“. Hoje em dia todo o mundo (medianamente culto) sabe situar no mapa Escócia ou Gales, e é em boa parte mercê a certos elementos singualares. No entanto, entre eles não está o de um domínio próprio na rede (embora em Gales/Cymru promovam campanhas polo .cym e na Escócia/Alba outro tanto com o .alb). Curiosamente a Ilha de Man tem um domínio próprio e pouca gente acerta situá-la 😀

E por que os domínios devem referir-se a Estados ou territórios? Não podiam ser algo mais amplos? Evidentemente, posto que na rede as únicas fronteiras parecem ser a idiomática e a tecnológica (como já apontei), reconheço que carecem de sentido os domínios territoriais. No entanto, e posto que “os outros” os têm, não vamos ser os galegos os únicos parvinhos que careçamos dele, digo eu.

Na minha opinião, os domínios da internet deveriam ser como os do MS-DOS: um máximo de três caracteres de combinação aleatória e ao gosto de cadaquém ;^D


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