Fundação ou empresa para a sociedade do conhecimento?

sociedade conhecimentoLeio que, bastante tempo depois das primeiras tentativas, por fim se apresentou publicamente a Fundação Galega para a Sociedade do Conhecimento. Nasce com o intuito de cumprir os (louváveis) objectivos de fomentar a coesão social ou melhorar o sistema produtivo galego.

Em palavras dos promotores, o seu objecto é o seguinte:

A Fundación ten por obxecto o impulso, promoción e coordinación de actividades para a extensión e implantación de novas tecnoloxías da sociedade da información; coordinación de novos proxectos de investimento, así como a súa internacionalización; promoción e impulso da cooperación, favorecendo a competitividade das empresas galegas nos distintos mercados.

Mercados. Mas não estávamos a falar de uma fundação? As fundações não falam em mercados, falam em sociedade… Mas claro, se repararmos em quem são precisamente os promotores, começaremos a vislumbrar respostas.

Para lá das três universidades galegas e da Junta encontramos Inditex, PSA Peugeot Citroën, Pescanova, Coren, R, Caixanova, Caixa Galicia e o Banco Pastor. O melhor de cada casa, poderia-se dizer!

Agora é quando fazem sentido outras das pretensões: “fomento dunha economía baseada no coñecemento“; “iniciativas que fomenten o crecemento económico sostible e a cohesión social” ou “acadar a excelencia competitiva e mellorar o sistema produtivo galego“.

Realmente, a mim dão-me muito que desconfiar os integrantes desta Fundação. É mais, atentendo a uma outra das premissas (“promoverá a cooperación e interrelación do tecido empresarial e financeiro de Galicia co mundo académico“), não posso menos que lembrar a mercantilização e privatização do Sistema Universitário Galego (SUG).

Será que sou mal-pensado ou tudo isto cheira a estratégia das empresas para:

  • afundar na privatização do SUG?
  • lucrar-se com subvenções públicas?
  • obter publicidade de graça?
  • abrir a bilha de passo dos bolseiros e trabalhadores precários?

Por enquanto, dos seus princípios reitores não se alvisca muito mais. Creio que se trata de mais uma iniciativa estéril desde as origens, que nasce com muito bombo (institucional) e que ficará em nada. Neste país, as únicas cousas com jeito não saíram precisamente do eido institucional. Ao tempo.


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