País rico, país pobre

Parafraseando o título da película «Homem pobre, homem rico», chamo a atenção para a situação da Galiza. É o nosso um país rico, muito rico, enormemente rico em recursos naturais, mas carece de capacidade de gestão sobre tais bens.

Podemos pensar, por exemplo, em que o nosso país é uma potência pesqueira. Pois bem, onde é que paga (mormente) os seus impostos o buque-insígnia do sector? Em Madrid.

Podemos lembrar que a agricultura (ainda) tem um notável peso na estrutura económica do país. Sendo como é a produção láctea o sustém desta actividade, onde é que está o centro de poder das empresas leiteiras? Pistas: de todas quantas empresas operam no país, apenas duas têm capital maioritariamente galego.

Unión FenosaVaiamos agora para uma outra parte: à energia. Dentro desta, à energia (ora eoloeléctrica, ora hidroeléctrica). Pois bem, carecemos de empresas galegas de relevância: todas as grandes eléctricas têm capital forâneo, mesmo as que um dia (como Unión Fenosa) nasceram na própria Galiza.

Lendo as últimas novidades sobre as hidroeléctricas na Galiza, não posso menos que mostrar-me indignado pola inoperância dos poderes públicos e pessimista sobre o que pode esperar-lhe ao nosso país.

É uma enorme injustiça que a Galiza tenha uma das facturas eléctricas mais caras do Estado (se não a que mais), sendo como é excedentária em energia. O nosso país produz anualmente uns 30.000 gigavátios-hora, dos quais a quarta parte (sobre 8.500) vai para fora.

Madrid, região espanhola que apenas produz 3% da energia que consome, tem uma factura eléctrica muito menor que a galega. Por que? Pois porque somos periferia, porque não somos conscientes da riqueza que temos e porque não estamos afeitos a reclamarmos o que nos pertence.

Se produzimos energia, deveríamos receber compensações… mas isto não sucede e, ainda pior, polos vistos a nossa factura eléctrica é das mais caras… polos custos de mantimento da infra-estrutura! Realmente a-lu-ci-nan-te, porque de outra forma não consigo explicar o mau estado de conservação de toda essa infra-estrutura ou as continuadas falhas no subministro…

O aumento do controlo de ACS não vai supor, desde logo, qualquer melhora para esta situação, para o cancro que implica que ano a ano paguemos mais por darmos mais e recebermos menos e pior. Isto, desde logo, num país civilizado provocaria protestos, mobilizações, indignação… e, realmente, o mais que consegue é, no melhor dos casos, a total indiferença.


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Comentários

Um comentário a “País rico, país pobre”

  1. Avatar de Nunca mais
    Nunca mais

    O peor de todo e esta reconversion silenciosa que estamos a sufrir, fannos abandoar a industria e o sector agropecuario pra meternos a todo o pais no sector servicios.Queren que prostituamos o unico que nos queda(a nosa terra) e converternos nun gran parque tematico onde 4 caciques levan o beneficio e os demais seremos camareiros ou caddies nos campos de golf.Bye bye Europa seguiremos a o remolque e esta vez muito me temo que pra sempre 🙁