A guerra das esquelas

fractalO passado fim-de-semana (nem sei se o dia 19 ou 20), botando uma olhada ao jornal do Polanco, deu-me por mirar para as esquelas. Dei com um par delas que saíam do ‘convencional’, já que falavam do LXX (septuagésimo) aniversário da morte de várias pessoas a mãos dos falangistas.

O sábado dia 19 (disto sim que tenho a certeza), fixei-me também numa esquela que figurava no periódico do Perrojota. Pola força das palavras empregues, citarei-nas, mas omitindo os nomes:

[Fulano, Mengano e Citano] asesinados vílmente por las hordas rojas el 19 de Agosto de 1936. Sus familiares ruegan una oración por sus almas y por España.

Procurei na rede se mais alguém reparara nisto, e vi que, ao menos, no ultra-espanholista ABC também houve quem viu o mesmo.

NOTA: o desenho, evidentemente, nada tem a ver com o post. Puse-o para adornar um pouquinho (como gosto dos fractais… ;).


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Comentários

9 comentários a “A guerra das esquelas”

  1. Avatar de marykinha
    marykinha

    Onte fun a praia e na radio falaban da exhumación duns corpos nas Pontes (a do tenente alcalde que fora asasinado en Agosto de 1936, a súa dona e dous dos seus fillos). O bonito da historia, era o tema de ser era por vinganza ou por xustiza e a pesar de que os familiares decian que era por Xustiza notábase que era por Rencor (ao fin e o cabo, que é xustiza??). Suponño que dende agora ata dentro de tres anos, teremos que afacernos a idea de ver no xornal as esquelas da guerra conmemorando aos caídos!

  2. Avatar de marykinha
    marykinha

    Onte fun a praia e na radio falaban da exhumación duns corpos nas Pontes (a do tenente alcalde que fora asasinado en Agosto de 1936, a súa dona e dous dos seus fillos). O bonito da historia, era o tema de ser era por vinganza ou por xustiza e a pesar de que os familiares decian que era por Xustiza notábase que era por Rencor (ao fin e o cabo, que é xustiza??). Suponño que dende agora ata dentro de tres anos, teremos que afacernos a idea de ver no xornal as esquelas da guerra conmemorando aos caídos!

  3. Avatar de Uz
    Uz

    Mmmm, duas cousas, Maria
    1) Em que rádio foi?
    2) Foi à manhã ou à tarde?

    Rancor seguro que algo há, já que o sofrimento humano é algo que por vezes pode ser duríssimo.

    Porém, já que justiça agora é impossível de fazer (muitos dos assassinos estão mortos), ao menos sim intentar reabilitar a memória das vítimas.

    No caso das Pontes, foi grotesco. Primeiro matáram o pai (Manuel, tenente de alcaide DEMOCRATICAMENTE elegido) e logo um dos filhos (também Manuel).

    Obrigaram a esposa (Juana) e outro dos filhos (José) a levar os cadáveres ao cemitério e a cavar a tomba. Depois, rematárom-nos.

    Foi uma morte tão cruel, que, como dixo Santiago Macías (da ARMH), o único que queda é, ao menos, é intentar que os corpos descansem num lugar diferente de onde os deixaram os assassinos.

    Por certo, que a filha do matrimónio sobrevivera e levara a juízo em 1941 os verdugos. Foram absoltos porque o tribunal acreitara que figeram “un servicio a la Patria”.

    Estando assim as cousas, a única justiça possível hoje em dia seria:
    a) soterrá-los onde queiram as famílias.
    b) suspender as condenas dos fascistas (falangistas ou franquistas) e reconhecer que eram pessoas inocentes, como tantas outras que perderam a vida, e não viles criminais.

    Bem sei que é um assunto polémico.

  4. Avatar de Uz
    Uz

    Mmmm, duas cousas, Maria
    1) Em que rádio foi?
    2) Foi à manhã ou à tarde?

    Rancor seguro que algo há, já que o sofrimento humano é algo que por vezes pode ser duríssimo.

    Porém, já que justiça agora é impossível de fazer (muitos dos assassinos estão mortos), ao menos sim intentar reabilitar a memória das vítimas.

    No caso das Pontes, foi grotesco. Primeiro matáram o pai (Manuel, tenente de alcaide DEMOCRATICAMENTE elegido) e logo um dos filhos (também Manuel).

    Obrigaram a esposa (Juana) e outro dos filhos (José) a levar os cadáveres ao cemitério e a cavar a tomba. Depois, rematárom-nos.

    Foi uma morte tão cruel, que, como dixo Santiago Macías (da ARMH), o único que queda é, ao menos, é intentar que os corpos descansem num lugar diferente de onde os deixaram os assassinos.

    Por certo, que a filha do matrimónio sobrevivera e levara a juízo em 1941 os verdugos. Foram absoltos porque o tribunal acreitara que figeram “un servicio a la Patria”.

    Estando assim as cousas, a única justiça possível hoje em dia seria:
    a) soterrá-los onde queiram as famílias.
    b) suspender as condenas dos fascistas (falangistas ou franquistas) e reconhecer que eram pessoas inocentes, como tantas outras que perderam a vida, e não viles criminais.

    Bem sei que é um assunto polémico.

  5. Avatar de marykinha
    marykinha

    Boas Gerardo!!
    A nova escoiteina na Radio Galega sobre as 2’30-3 pm. Realmente quedei impresionada pola historia, tal e como ti dixeches, primeiro mataron a Manuel e ao seu fillo (na casa) e logo foron pola súa dona e o outro fillo, quenes atados de mans, tiveron que levar os corpos e cavar a fosa onde os mataron logon. Creo que a filla escapou e escondeuse no monte e que é por ela pola que se sabe a historia.
    Realmente comprendo que ten que haber rencor, pero no seu caso é unha victima política; non quero ser cruel!
    Dende o meu punto de vista (e polo que me ten dito o meu avó que sí viviu a guerra e combatiu nela), era máis inxusto o feito de que chegaran a túa casa e sen darte opción a nada, che metesen nun bando ou noutro e sen sequera saber que pasaba ao teu redor, soamente co consolo de que pasase o que pasase “ganarás el Campo Santo”.
    A parte do detalle, de que na zona de onde son eu, o cura, o mestre e o boticario (ou outros caciques) contaban unha versión aos militares e sen comelo nen bebelo, ian a túa casa a buscarte para darte o paseillo e cunetearte onde poidesen.
    Eu comprendo o seu rancor e o seu odio, pero tamén teñen que ser conscientes de que os asasinos eran uns mandados, que posiblemente nin na man deles estaba elexir as súas victimas e que a tales alturas, o que deben e dar gracias de que a agora a familia pode descansar en paz, cousa que non todo o mundo que perdeu a alguén na guerra pode decir. De feito, hai moitas familias que non saben onde estan os corpos dos seus familiares e iso que están movendo ceo e terra para dar con eles (sempre terei na mente o caso do tío dunha profesora que tiven en 3º e 4º da ESO, que a día de hoxe, xa deron por perdida a búsqueda do corpo do seu tío)
    Ais… sempre volvemos ao mesmo tema (C’mon Mónica, you think like me, we hate the Caudillo’s Family and we don’t understand why is important the 20th of November!) a día de hoxe hai que ter en conta aos valentes que deron a súa vida por España e tirar para adiante na loita dunha sociedade democrática.
    Bicos

  6. Avatar de Uz
    Uz

    Ei :)!

    Bom, como já dixem, é um assunto complexo e delicado, e não prendo fazer revisionismo.

    Com o post o único que quigem dizer é que a crispação mediática também parece ter passado às esquelas, quase convertidas em colunas de opinião (a do exemplo, por certo, com vocabulário já em dessuso desde o franquismo, como o esse “hordas rojas”).

    Sobre as exumações, opino o mesmo que o Santiago Macías: eu não deixaria os meus mortos no mesmo lugar no que os abandonárom os seus assassinos (independentemente do bando, se é que estavam nalgum, que essa é outra).

    Se fossem os meus mortos, gostaria que descansassem junto dos seus.

    Por certo, o meu avô paterno também luitou na guerra, e não precisamente por vontade própria.

  7. Avatar de marykinha
    marykinha

    Os meus dos avós estiveron na guerra, pero eu soamente tratei co materno, do que sempre lembro as súas historias. A guerra estalou o dia que el cumpria 24 anso e uns dias despois chamárono para ir a guerra e que pasase o que pasase tiña gañado o “Campo Santo” (o cal, máis tarde descubriría que era o cemiterio); a el tocoulle o bando de Franco e ao veciño, o cal era o seu amigo foi para o outro e nunca máis voltou a saber nada del.
    Estivo na batalla do Ebro, onde polas noites, para animalos, saian a voar uns avións que lles decían que era Deus que os viña a protexer coas súas luces celestiais…
    Personalmente, tamén estou darcordo contigo en que a familia debera estar soterrada coa familia, de feito, e no caso da miña familia paterna que estivo perseguida por algun ramal, se os houbesen asasinado, eu faría o prosible por recuperalos, pero sen tanta parafernalia.
    Grazas por contestar tan rapido!
    Bicos

  8. Avatar de Uz
    Uz

    Nada a agredecer ;)!

    Eu, particularmente, imagino que se os mortos fossem da minha família e tomasse eu a iniciativa de recuperar os seus corpos, suponho que o faria com discreção.

    Ora bem, e como já comentei antes, é um assunto complicado, e é preciso ter em conta dous aspectos antes de falar de “parafernália”:

    1) Uma exumação destas características requer bastantes meios (económicos e humanos, principalmente), mas também cooperação das autoridades ou, quando menos, que não entorpeçam o labor.

    2) Necessita-se, muitas vezes, conseguir vencer o rechaço da gente. Hoje em dia segue havendo gente com medo ou receios a falar destes assuntos, e muitas famílias renunciárom procurar os seus mortos porque temiam represálias.

    Publicitar estas tarefas de exumação pode parecer “parafernália” se pensarmos nelas como levar à esfera pública algo que deveria ficar na intimidade.

    Creio que deveríamos poensar que que com isto se ajuda a que outras pessoas vençam o medo e se decidam a fazer o mesmo (não movidos polo rencor, mas polo carinho aos seres queridos).

    Ademais, também é possível que as autoridades de outros lugares se animem a colaborar e a facilitar o trabalho.

    Tudo depende da forma em que se vir. Saudinhos ;)!

  9. Avatar de marykinha
    marykinha

    Home, precisase unha autorización xudicial e un equipo de arqueólogos para levar a cabo as tarefas de recuperación dos corpos e aínda así, tes que facer uns analisis do DNA para comprobar que é a túa familia (os cales fanse en Donostia), pero de ahí a levar a toda a prensa… non sei, ao meu gusto é excesivo, tal vez neste caso sexa pola historia que se esconde detrás do asasinato, pero de tódolos xeitos…