A seguir, reproduzo um post que queria enviar ontem, mas que problemas técnicos me impediram.
No dia de hoje certificou-se a derrota de Silvio Berlusconi, Il Uomo, ‘O Homem’. O pequeno-homem Estado, que conseguira centrar na sua figura meia dúzia de canais de TV (entre públicas e privadas), estações de rádio e jornais; meter no bolso juízes e fiscais, refazer a legalidade ao seu antolho para esconder as suas misérias; apagar a contestação pública com pão e circo; mesmo mercar uma prestigiosa equipa de futebol.
Um pequeno-homem Estado que, para intentar a sua perpetuação no poder, não hesitou em se aliar com a extrema-direita de Umberto Bossi primeiro e Alessandra Mussolini mais recentemente. Já o sabia a sábia sabedoria popular: «homem pequeno, fole de veneno».
Não deixa de ser triste pensar que o principal argumento de Berlusconi para acusar o seu contrincante, Romano Prodi, foi apelidá-lo de «comunista». Tristes tempos em que um burguesinho como Prodi pode aparentar, mesmo que seja de longe, uma certa aura comunista ou tão sequer de esquerda.
E, porém, apesar de tanta contradição, nem por isso deixo de estar um bocado contente. Contente porque era difícil desalojar do Poder quem se autoidentificara tanto com ele que já eram quase indissociáveis. Aquele que envenenara a população através da mais descarada censura e da perseguição e defenestração política, intelectual ou laboral dos seus contestatários (se aqui nos escandalizou Urdaci, lá morreríamos do nojo).
Precisamente era pola dificuldade que implicava vencer esse pequeno-homem Estado que hoje nos podemos sentir (apenas um pouco!) satisfeitos. Mas apenas hoje, que ainda ficam muitos Berlusconi!