Detesto o período natalício. Ignoro as razões, mas quanto mais velho sou, pior levo esta época.
De neno, ainda não me fazia nojo, e lembro com certa morrinha a sensação inqueda em tal dia como hoje, véspera dos Reis.
Para mim era uma época na que estar na casinha, sem escola (fun-da-men-tal), jogar com os meus irmãos, rolar na neve, escuitar as cousas da minha avó… E receber agasalhos de muita gente.
Fum medrando e tomando consciência do facto de que a maior parte da gente que vês neste período somente se lembra de ti nele, como no cumpre-anos, quer dizer, passam de ti todo o ano (polas suas cousas, suponho), e apenas se lembram um dia de ti.
Penso que é algo assim como o Dia da Classe Trabalhadora ou o Dia da Mulher, o Dia Mundial contra a Sida, etc., pequenas marcas no calendário para lembrarmos efémeras efemérides, cousas que não existem mais que uma vez ao ano.
Se quadra parte da minha desgraça foi que o meu próprio cumpre-anos coincide no meio das férias do Natal. Pode ser. Mas essa hipocrisia da que falo acima, junto com a desaparição dos conceitos para mim atraintes (idade, seres queridos, momentos), somados ao consumismo em vorágine cínica desde entrado o mês de Santos, podem mais do que eu.
Agora, a economia pode estar fatal, mas que casa que se prezar não tem uns bons Reis!? Ainda mais, Reis e Pai Natal (Saint Klaus, Père Noël)!!! Por não falarmos da comida, que já podem estar o marisco e o capão de Vilalva polas nuvens, que nunca faltará, mesmo que a costa de janeiro seja mais f*d*d* que a janeira (que vem sendo como o marçal, mas com jeito acuitelado).
Apesar das minhas tentativas de boicotar esta visão cínica do Natal, nunca tivem sucesso. Portanto, decidim tomá-lo como época para fazer balanço e pensar. Seguramente seria mais feliz se não fosse tão teimudo e seguisse as convenções estabelecidas, apesar de que o sentido original do que a Silveira Ardendo lhe dixera a um tal Moisés agora mudou para o que diz o Triângulo Verde d’El Corte Inglés.
Ya es Navidad… Afortunadamente (para mim), por pouco tempo.
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Nota: acabo de re-ler a mensagem. Vejo que me saiu longa de mais. Desculpas.