Jubilação aos 67: e quem me garante o trabalho?

penosidadeNa linha de agressões do Governo espanhol contra os direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores gostaria de destacar hoje uma delas: a proposta de adiar a idade de jubilação aos 67 anos (atualmente está nos 65).

Supostamente, a medida tem como grande objetivo garantir as pensões do futuro. Destarte, ampliando em dous anos a idade legal mínima, também se incrementariam os recursos para o fundo de pensões.

Contudo, cumpre lembrar que no Estado espanhol, a idade de jubilação real tem passado nos últimos anos de 62,5  a 63,8 anos (na Alemanha é de 61,5 e na França de 59). Isto deve-se, essencialmente, a que incrementou a esperança de vida, mas também a que aumentou a necessidade de passar mais anos a trabalhar para ter direito a uma pensão digna. Constata-se, portanto, que já a própria população atrasa de maneira mais ou menos voluntária a idade de jubilação real sem que ZP e os seus prentam impor por decreto uma ampliação até os 67.

Também é necessário assinalar que há determinadas profissões em que, devido à enorme penosidade em que se realizam, a jubilação é desejável mesmo antes dos 60 anos. Eu, de família labrega, tenho sempre em mente as gentes do rural, com os corpos duramente castigados depois de toda uma vida de trabalho, já desde crianças, e que com muito esforço chegam aos 60 ou até 65 anos para se poderem jubilar. Nalguns casos fazem-no antes por existir relevo generacional. Noutros, não tendo em quem deixarem o negócio familiar, continuam em solitário apesar da penosidade.

Noutras profissões, porém, pode-se chegar em excelentes condições aos 65, 70 ou mesmo mais. Mas isto deveria ser sempre com caráter voluntário, e concedendo regalias por esse esforço.

No meu caso, imagino que a minha profissão me permitiria chegar sem muito desgaste aos 67 ou 70… mas o que me preocupa é saber quem me iria garantir trabalho até daquela!

 


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